Cultivo de orgânicos muda realidade de produtores de Jacarezinho
DA ASSESSORIA
Parceria entre o Sebrae Norte Pioneiro, prefeitura de Jacarezinho e IDR/PR tem mudado a realidade de famílias do campo com incentivos e subsídios para a construção de estufas e todo o suporte técnico para a certificação da produção, permitindo assim a entrada dos beneficiados no promissor mercado de orgânicos.
Além de um valor de mercado que chega a ser 50% maior que o produto convencional, os orgânicos garantem aos produtores uma enorme facilidade na comercialização devido a grande procura.
Os resultados, na prática, são produtores com margem de lucro maior e quase que garantia total de liquidez de sua produção na hora de venda – além de uma vida livre do convívio com venenos e outras soluções químicas utilizadas nos plantios convencionais.
O projeto começou pela facilidade no acesso a construção de estufas, seguido de todo aparato e acompanhamento técnico para a conversão da produção convencional para produção de orgânicos. Agora a ideia é que cada vez mais produtores façam essa modalidade de plantio.
De acordo com o consultor do Sebrae Norte Pioneiro, Odemir Capello, a iniciativa atende a uma demanda de mercado e consolida a intenção em consolidar o Norte Pioneiro uma região referência na produção de produtos diferenciados do agro.
“Temos um amplo trabalho de tornar o Norte Pioneiro referência em produtos diferenciados, e o orgânico tem um papel especial nisso, porque entra em pequenas propriedades, porque tem um mercado muito bom, porque tem valor maior e ainda oferece uma qualidade de vida melhor ao produtor. Não à toa vamos dar espaço especial aos orgânicos na Feira Sabores porque acreditamos nele com grande potencial para desenvolver ainda mais o Norte Pioneiro”, explica.
O prefeito de Jacarezinho, Marcelo Palhares, também ressalta a importância da produção de orgânicos. “A tendência tanto do mercado quanto de programas governamentais para compra dos produtores é de priorizar os produtos orgânicos, então vamos continuar incentivando nossos produtores a migrar para esse caminho, que é o futuro e é onde está a viabilidade de propriedades de pequeno e médio porte”.
CASES DE SUCESSO
A implantação do projeto, porém, sofreu resistência inicialmente. O primeiro desafio encontrado foi driblar a descrença dos produtores sobre a possibilidade de produzir sem a utilização de agrotóxicos.
Produtores considerados “cases de sucesso” e referência na produção de orgânicos, o casal Eliane Rodrigues dos Santos e Natalício Ribeiro, do Assentamento Companheiro Keno, explicam que não conheciam a técnica. “Pra gente ter uma produção sem usar veneno era coisa de outro mundo, impossível. Mas aí o pessoal veio explicando, ensinando, orientando, e fomos colocando em prática. No começo a gente teve dificuldade, mas depois pegamos o jeito. Hoje falo que foi a melhor coisa que fizemos”, comemora Eliane.
“O orgânico tem um mercado muito bom, com preço muito bom. O que é produzido, é vendido. Uma das empresas que compra da gente já deu uma lista de produtos que se a gente tiver, eles compram. E é bastante coisa”, completa a produtora, animada com a nova realidade de vendas garantidas.
Outro exemplo muito interessante é do casal Oseias Cezar e Jacira Magalhães de Souza, também do Assentamento Companheiro Keno. Além da desconfiança no orgânico, também existia o temor com a própria estufa. O resultado, porém, é que o projeto trouxe renda e qualidade de vida.
“Pessoal falava que estufa dava muito trabalho, que eu estava louco de mexer com isso. Fora que ninguém acreditava muito que sairia do papel. Eu trabalhava de construtor em Jacarezinho e abandonei para me dedicar aqui. Outra vida, nunca que eu volto a trabalhar na cidade”, diz Oseias.
INSPIRAÇÃO
Esses casos já servem como inspiração para outros agricultores. Caso do Admar Herdt, vizinho dos produtores citados anteriormente, que igualmente tem uma estufa através do programa e está em fase final de certificação para também ser reconhecido como produtor de orgânicos.
“A expectativa é muito boa, de melhorar bastante, como já aconteceu com outras pessoas que entraram para produzir orgânicos. Estamos em fase de certificação e se tudo der certo vou ter minha produção de orgânicos também muito em breve. Até já avisei minha filha para vir morar comigo que vamos ter trabalho e possibilidade de crescimento”, projeta.